Texto: Maria Luiza Parisotto
Foto: Helena Bosse
Entre questionamentos, propostas e ideias inovadoras, os professores Samuel Lima e Jacques Mick, da Universidade Federal de Santa Catarina, apresentaram o projeto GPSJor – Novos Rumos para o Jornalismo. É uma parceria do curso de Jornalismo da UFSC com o Bom Jesus/Ielusc e tem como principal objetivo construir um modelo de governança mais social, justo e democrático. Este foi o primeiro debate público promovido pelo grupo de pesquisadores para discutir modelos ideias de jornalismo.
O debate entre a sociedade presente na plateia e os pesquisadores foi o momento com mais trocas de ideias e até mesmo divergências de opiniões. Depois de Jacques Mick apresentar o projeto e os modelos de governança que pretendem utilizar para tirar o GPSJor dos papeis, o colunista do jornal A Notícia, Claúdio Loetz, discordou das ideias apresentadas e afirmou que esse projeto era ilusório. “Não existe um veículo no mundo que vá sobreviver sem anúncio, esse é o modelo que deu certo”, afirmou o jornalista. Ele comentou ainda que afirmar que pautas são barradas ou não apuradas por influência dos anunciantes é um equívoco de quem não faz parte da redação.
Dentre esse e outros questionamentos apontados pelo público, Jacques afirmou que o projeto pode ser sim uma utopia, mas que eles vão continuar pensando no impossível.
Assim como Cláudio, outras pessoas da plateia colocaram seus posicionamentos e colaboraram para a construção do projeto GPSJor. Teve quem disse que a crise no Jornalismo veio da pulverização da comunicação e do excesso de informação, onde as pessoas querem apenas desligar. E teve quem disse que além de uma crise da informação, pode-se dizer que é uma crise cultural.
O professor Samuel Lima explicou que o momento vivido pelo Jornalismo é mais uma crise política do que econômica, pois a credibilidade está no centro das questões. Ele afirmou que muitos jornais continuam sendo feitos apenas para quem lê o impresso e hoje o público vai muito além disso. “Vamos discutir possibilidades e os potenciais das redes sociais que existem e ver o que conseguimos explorar da melhor maneira dentro do projeto.”
Samuel disse ainda que a pressão pela velocidade da informação é muito grande e que esse é um dos principais fatores para que o público desconfie de tudo que é colocado na internet. O projeto, segundo eles, pretende ser totalmente diferente disso, pois irá trazer a participação do cidadão em primeiro lugar. “Vamos dar a ele um espaço que ainda não tem”, afirmou Jacques.
O projeto teve início em 2015 e esse foi apenas o primeiro debate dentro todos que o grupo de pesquisadores pretendem desenvolver. Com o planejamento de debates online, pesquisas qualitativas e quantitativas para analisar o perfil e a opinião dos leitores e com espaço para propor ideias, eles vão organizar o segundo debate público sobre Jornalismo para março de 2017 e logo depois, em julho, irá acontecer o terceiro. Além disso, eles pretendem expandir e divulgar o nome do GPSJor em outras universidades e locais de debate para que o público possa participar.
Entenda o projeto
O projeto GPSJor, que começou a ser estudado em outubro de 2015, tem como objetivo construir mídias jornalísticas locais de qualidade, que sejam autossustentáveis e de governança social. Eles acreditam que o Jornalismo pode ser produzido por outras organizações, além das grandes empresas, tudo isso com participação ampla do público, que segundo eles, pode e deve participar de todas as decisões, inclusive com ajuda financeira.
Eles são uma equipe de jornalistas profissionais, graduandos, mestrandos, doutorandos, mestres e doutores ligados aos programas de pós-graduação em Jornalismo e em Sociologia Política da Universidade Federal de Santa Catarina e ao Curso de Jornalismo do Bom Jesus/Ielusc, em Joinville. O projeto conta com o apoio do Sindicato de Jornalistas Profissionais de Santa Catarina.
(Reproduzido de Revi/Ielusc)